domingo, 29 de março de 2015

Breve Apresentação da Banda de Congo Amores da Lua Bairro de Santa Martha Vitória-E.S.



Breve Apresentação da
Banda de Congo Amores da Lua
Bairro de Santa Martha
Vitória-E.S.




O congo do Espírito Santo é uma tradição de louvor a São Benedito que une elementos de origem negra, indígena e cristã. Segundo a lenda, em meados do século XIX, um navio negreiro naufraga na costa do Espírito Santo, os escravos, amontoados no convés, rezam a São Benedito, pedindo por um milagre que os salve. O Santo faz então com que o mastro central se descole de seu casco, tombando sobre a embarcação. Os negros se agarram a ele e, flutuando sobre as ondas, e conseguem chegar salvos a praia. A partir do ano seguinte ao naufrágio, os sobreviventes instituem a representação do feito milagroso em louvor ao Santo. A tradição se espalha pelo estado, obedecendo a um calendário anual de louvor aos santos em um belo espetáculo de dança e música.
As histórias ao redor do congo ainda são pouco estudadas, e as bandas sobrevivem em relativa precariedade, motivadas pela fé de seus integrantes e pela consciência da importância de sua continuidade. Em 20 de novembro de 2014 a secretaria de cultura do estado reconheceu o congo capixaba como Patrimônio Cultural Imaterial do Estado, tendo em vista o levantamento que está sendo feito pelo IPHAN para o mapeamento do Congo do Espírito Santo e da Congada de Minas Gerais para sua inscrição como Patrimônio de Cultura Imaterial. O texto de divulgação produzido pela Secretaria de Cultura do Espírito Santo referente as Bandas de Congo do estado pode ser encontrado em: http://www.secult.es.gov.br/patrimonios/imateriais.
Na cidade de Vitória tem-se o registro de três bandas, sendo a mais antiga delas a Banda de Congo Amores da Lua, do antigo bairro de Mulembá, hoje chamado de Santa Martha, na região da Grande Maruípe, ao nordeste da ilha de Vitória. A Banda de Congo Amores da Lua foi fundada em 30 de março de 1945, pelo Mestre Alarico de Azevedo e sua esposa, Dona Cecília Rosa Azevedo. Com a morte de Mestre Alarico, seu genro, Mestre Reginaldo Barbosa Salles, assume o comando da banda junto com sua esposa, Dona Maria de Lourdes de Azevedo Salles. No ano de 2012, Mestre Reginaldo Salles passa o comando da banda para seu filho, Mestre Rui Barbosa Sales, que, por aconselhamento médico, não pode assumir tal responsabilidade, delegando-a a seu filho, Mestre Ricardo Sales, então com apenas 28 anos. Ricardo se torna o mais jovem Mestre de Congo, regendo a Banda com o apoio de seu pai e sua mãe, a Rainha do Congo Dona Celeusa Alves Sales.
        Ricardo Sales cresceu em meio às tradições congueiras e desde os primeiros passos, já participava dos cortejos de congo dentro do barco, junto a outras crianças. Aos 7 anos de idade começa a tocar tambor e casaca como conguista. Aos 15 anos torna-se coordenador da banda, função em que permanecerá até 2008, quando, aos 23 anos torna-se capitão do congo, com a honra de apitar e reger a Banda durante os cortejos de São Benedito.
Ao assumir a função de coordenador, o jovem Ricardo inicia aquilo que chama de “grande mudança dos uniformes da Banda”, começa a desenhar roupas para as dançarinas, o vestido de rainha e os vestidos das princesas, e reproduz a faixa original da Rainha de Congo, cópia da que havia sido feita por sua bisavó e perdida. Ricardo desenha os estandartes com as figuras dos santos, que manda pintar em tecido, e ele mesmo se encarrega dos acabamentos. Logo depois, os homens passam também a ter uniforme, composto de calça, camisa e chapéu.
Do mesmo modo que cada banda de congo tem um modo próprio de tocar, com variações rítmicas; assim como há um modo próprio de se dançar o congo, variável de região para região; também a importância das vestimentas e dos adereços se modifica a cada banda. Para os Amores da Lua, o ritual de devoção inclui o vestir, as saias rodadas, e os adereços, representando o cuidado e respeito à festa do santo. A Banda Amores da Lua é formada por conguistas, homens e mulheres; uma Rainha do Congo; quatro Princesas do Congo, nascidas em famílias congueiras; e dançarinas.
Além das festas tradicionais do Congo, a Banda de Congo Amores da Lua se apresenta em festivais e festas públicas, tento já feito algumas viagens para fora do estado e mesmo para o exterior. Desde que assumiu o comando da Banda, o Mestre Ricardo busca se apresentar em escolas e universidades, entendendo que o congo precisa ser divulgado, a fim de manter viva a tradição e de lutar contra o preconceito que a vida urbana e moderna têm sobre a cultura tradicional e sobre as expressões religiosas não ortodoxas.
        A Banda já gravou um disco, juntamente com a Banda de Congo Panela de Barro, produzido pelo Instituto Nacional do Folclore em 1980 (Banda de Congos do ES. Documentário sonoro do folclore brasileiro, nº 33); e dois CDs, ambos disponíveis na plataforma de internet Sounclound: o primeiro em 1995, em comemoração ao 50º aniversário da Banda (https://soundcloud.com/amores-da-lua/sets/amores-da-lua-50-anos-da-banda), e o segundo, no ano de 2009, para a comemoração do 65º aniversário (https://soundcloud.com/amores-da-lua/sets/amores-da-lua-65-anivers-rio). Também no ano de 2009 a banda participou do documentário em DVD “São Benedito que vem de Lisboa, com sua bandeira e sua coroa” sobre as bandas de congo da cidade de Vitória. Desde 2013 são produzidos diversos documentários em vídeo sobre a Banda, que estão reunidos no site “O Congueiro” (www.youtube.com.ocongueiro). O material fotográfico dos Amores da Lua pode também ser encontrado na internet, na página da plataforma Flickr (Flickr/JoName/Banda de Congo Amores da Lua) e na página do site de relacionamentos Facebook da Banda (Facebook/Banda de Congo Amores da Lua).
           
Cordialmente,

Mestre Ricardo Sales
Banda de Congo Amores da Lua
Vitória-ES



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