Breve Apresentação da
Banda
de Congo Amores da Lua
Bairro de Santa Martha
Vitória-E.S.
O congo do
Espírito Santo é uma tradição de louvor a São Benedito que une elementos de
origem negra, indígena e cristã. Segundo a lenda, em meados do século XIX, um navio
negreiro naufraga na costa do Espírito Santo, os escravos, amontoados no
convés, rezam a São Benedito, pedindo por um milagre que os salve. O Santo faz
então com que o mastro central se descole de seu casco, tombando sobre a
embarcação. Os negros se agarram a ele e, flutuando sobre as ondas, e conseguem
chegar salvos a praia. A partir do ano seguinte ao naufrágio, os sobreviventes
instituem a representação do feito milagroso em louvor ao Santo. A tradição se
espalha pelo estado, obedecendo a um calendário anual de louvor aos santos em
um belo espetáculo de dança e música.
As histórias ao
redor do congo ainda são pouco estudadas, e as bandas sobrevivem em relativa
precariedade, motivadas pela fé de seus integrantes e pela consciência da
importância de sua continuidade. Em 20 de novembro de 2014 a secretaria de
cultura do estado reconheceu o congo capixaba como Patrimônio Cultural Imaterial
do Estado, tendo em vista o levantamento que está sendo feito pelo IPHAN para o
mapeamento do Congo do Espírito Santo e da Congada de Minas Gerais para sua
inscrição como Patrimônio de Cultura Imaterial. O texto de divulgação produzido
pela Secretaria de Cultura do Espírito Santo referente as Bandas de Congo do
estado pode ser encontrado em: http://www.secult.es.gov.br/patrimonios/imateriais.
Na cidade de
Vitória tem-se o registro de três bandas, sendo a mais antiga delas a Banda de
Congo Amores da Lua, do antigo bairro de Mulembá, hoje chamado de Santa Martha,
na região da Grande Maruípe, ao nordeste da ilha de Vitória. A Banda de Congo
Amores da Lua foi fundada em 30 de março de 1945, pelo Mestre Alarico de
Azevedo e sua esposa, Dona Cecília Rosa Azevedo. Com a morte de Mestre Alarico,
seu genro, Mestre Reginaldo Barbosa Salles, assume o comando da banda junto com
sua esposa, Dona Maria de Lourdes de Azevedo Salles. No ano de 2012, Mestre
Reginaldo Salles passa o comando da banda para seu filho, Mestre Rui Barbosa
Sales, que, por aconselhamento médico, não pode assumir tal responsabilidade, delegando-a
a seu filho, Mestre Ricardo Sales, então com apenas 28 anos. Ricardo se torna o
mais jovem Mestre de Congo, regendo a Banda com o apoio de seu pai e sua mãe, a
Rainha do Congo Dona Celeusa Alves Sales.
Ricardo
Sales cresceu em meio às tradições congueiras e desde os primeiros passos, já
participava dos cortejos de congo dentro do barco, junto a outras crianças. Aos
7 anos de idade começa a tocar tambor e casaca como conguista. Aos 15 anos
torna-se coordenador da banda, função em que permanecerá até 2008, quando, aos
23 anos torna-se capitão do congo, com a honra de apitar e reger a Banda
durante os cortejos de São Benedito.
Ao assumir a
função de coordenador, o jovem Ricardo inicia aquilo que chama de “grande mudança
dos uniformes da Banda”, começa a desenhar roupas para as dançarinas, o vestido
de rainha e os vestidos das princesas, e reproduz a faixa original da Rainha de
Congo, cópia da que havia sido feita por sua bisavó e perdida. Ricardo desenha
os estandartes com as figuras dos santos, que manda pintar em tecido, e ele
mesmo se encarrega dos acabamentos. Logo depois, os homens passam também a ter
uniforme, composto de calça, camisa e chapéu.
Do mesmo modo
que cada banda de congo tem um modo próprio de tocar, com variações rítmicas; assim
como há um modo próprio de se dançar o congo, variável de região para região;
também a importância das vestimentas e dos adereços se modifica a cada banda.
Para os Amores da Lua, o ritual de devoção inclui o vestir, as saias rodadas, e
os adereços, representando o cuidado e respeito à festa do santo. A Banda
Amores da Lua é formada por conguistas, homens e mulheres; uma Rainha do Congo;
quatro Princesas do Congo, nascidas em famílias congueiras; e dançarinas.
Além das festas
tradicionais do Congo, a Banda de Congo Amores da Lua se apresenta em festivais
e festas públicas, tento já feito algumas viagens para fora do estado e mesmo
para o exterior. Desde que assumiu o comando da Banda, o Mestre Ricardo busca
se apresentar em escolas e universidades, entendendo que o congo precisa ser divulgado,
a fim de manter viva a tradição e de lutar contra o preconceito que a vida
urbana e moderna têm sobre a cultura tradicional e sobre as expressões
religiosas não ortodoxas.
A
Banda já gravou um disco, juntamente com a Banda de Congo Panela de Barro, produzido
pelo Instituto Nacional do Folclore em 1980 (Banda de Congos do ES. Documentário
sonoro do folclore brasileiro, nº 33); e dois CDs, ambos disponíveis na
plataforma de internet Sounclound: o
primeiro em 1995, em comemoração ao 50º aniversário da Banda (https://soundcloud.com/amores-da-lua/sets/amores-da-lua-50-anos-da-banda),
e o segundo, no ano de 2009, para a comemoração do 65º aniversário (https://soundcloud.com/amores-da-lua/sets/amores-da-lua-65-anivers-rio).
Também no ano de 2009 a banda participou do documentário em DVD “São Benedito que vem de Lisboa, com sua
bandeira e sua coroa” sobre as bandas de congo da cidade de Vitória. Desde
2013 são produzidos diversos documentários em vídeo sobre a Banda, que estão
reunidos no site “O Congueiro” (www.youtube.com.ocongueiro).
O material fotográfico dos Amores da Lua pode também ser encontrado na internet,
na página da plataforma Flickr (Flickr/JoName/Banda
de Congo Amores da Lua) e na página do site
de relacionamentos Facebook da Banda
(Facebook/Banda de Congo Amores da Lua).
Cordialmente,
Mestre Ricardo Sales
Banda de Congo Amores da Lua
Vitória-ES
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